Ciclo de conversas
Moderação: Carlos Figueiredo (Flainar)
Resumo: Debates práticos e críticos para transformar evidência e experiência artística em prescrição cultural efetiva, inclusiva e sustentável em tempos de impermanência.
Prescrição cultural para saúde mental e bem-estar em tempos de impermanência
Este ciclo de conversas reúne investigação, prática e criação para explorar como a prescrição cultural — desde exercícios terapêuticos (leitura, música, desenho, caminhar) e visitas a museus até programas comunitários e a voz dos artistas — pode ser integrada na promoção da saúde mental em contextos de incerteza e mudança. Partindo da evidência científica sobre o benefício psicossocial das artes, debateremos a tradução dessa evidência em prática clínica e social, o papel dos museus como pontes numa sociedade polarizada, as aprendizagens e resultados da prescrição social em terreno (com atenção ao contexto português) e os desafios e oportunidades de escalar iniciativas artísticas com rigor, sensibilidade cultural e sustentabilidade. O objetivo é mapear caminhos práticos – metodologias, modalidades de intervenção, critérios de dose e métricas de impacto – que permitam às instituições de saúde, culturais e às marcas parceiras transformar cultura em recurso terapêutico e comunitário sustentável.
(2.out) Conversa 1:
Prescrição Terapêutica de Cultura, Artes e Caminhar
Nas últimas duas décadas, a investigação científica tem mostrado que a arte e a cultura são aliadas da saúde. Intervenções estruturadas, como leitura, música, desenhar ou práticas culturais, revelam impacto na prevenção de doenças, na promoção do bem-estar e até no tratamento ao longo da vida (OMS, 2022). A leitura, em particular, destaca-se por fomentar empatia, criatividade e laços familiares. O desafio agora é claro: como levar este conhecimento para a prática clínica?
- Ana Araújo — Neurocientista e Médica Doutorada em Psiquiatria (ULS Coimbra)
- Susana Miguel — Médica Especialista em Medicina Geral e Familiar (ULS Coimbra). Voluntária na Walk with a Doc
- Pedro Renca — Enfermeiro Hospital psiquiátrico ULS Coimbra, Técnico coordenador da Casa das Artes do Hospital Sobral Cid
(3.out) Conversa 2:
Museu como prescrição e ponte em tempos de polarização
Uma revisão sistemática do ARTIS Lab mostra que a apreciação da arte pode reforçar propósito, significado e auto-realização, com benefícios para a saúde e o bem-estar durante visitas a museus. Em paralelo, plataformas digitais como o Google Arts & Culture ampliaram o alcance das instituições culturais, mas a sua integração permanece limitada e pouco alinhada com as missões museológicas, tal como tratado numa tese de 2025. O debate vai além da tecnologia e da saúde: coloca os museus como possíveis mediadores em sociedades fragmentadas, capazes de construir pontes e gerir a discórdia cultural. Conseguimos imaginar este museu?
- Odete Paiva — Diretora do Museu Nacional Grão Vasco, Viseu
- António Ponte — Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, Porto
- Catarina Gomes — MANICÓMIO - Estúdio e galeria de arte contemporânea com múltiplos projetos que cruzam a arte, os direitos humanos e a inovação (Lisboa)
(4.out) Conversa 3:
Prescrição Social e Cultural: aplicações no terreno
A Prescrição Social, iniciada nos anos 90 em Inglaterra e implementada em Portugal desde 2018, procura integrar cuidados de saúde e necessidades sociais para promover bem-estar. Estudos mostram uma relação dose-resposta entre participação em artes e saúde: desde benefícios rápidos em intervenções breves (como ouvir música 20 minutos) até ganhos duradouros em programas continuados (teatro, dança, artes visuais). Curiosamente, níveis moderados de prática podem ter mais impacto do que atividades muito frequentes. Que resultados já se verificam em Portugal?
- Patrícia Cláudino — Psicóloga Clínica e da Saúde (Évora). Projeto piloto de Prescrição Cultural no Alentejo Central (CIMAC)
- Ana Isa Coelho — Chefe de Divisão da Cultural da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC)
- Cristiano Figueiredo — Médico de família e orientador do internato de Medicina Geral e Familiar na USF da Baixa do ACES Lisboa Central. Co-fundador e coordenador do primeiro projeto de Prescrição Social em Portugal
(5.out) Conversa 4:
Artes em prescrição: a perspetiva do artista
As artes podem fazer mais do que acalmar - elas podem inquietar, revelar e reparar. Uma pesquisa publicada em 2024, tendo por base experiências de 225 participantes, desenvolveu o primeiro quadro teórico para escalar iniciativas artísticas de base local que promovem saúde mental e bem-estar. O modelo identifica três pilares: programas adaptáveis, colaborativos e baseados em evidência; capacidade organizacional, compromisso e sensibilidade cultural; e ainda apoio. O que temos feito por cá?
- Romulus Neagu — Coordenador artístico INTRUSO ac.; Coordenação artística projeto #ID Memória Futura
- Isabel Calheiros — Artes e terapia. Dançando com a Diferença
- Sara Figueiredo — Musicoterapeuta. Artista-educadora. Frenesim (Porto)
- Márcia Leite — Artista. Docente. Investigadora. Projeto ComUnidade
